Camadas

Meu pensamento é em camadas, estratificado, extraio dele sentidos mil, ramificados e radificados, raízes galhadas, gargalhadas soltas. Te dizes ávida e respondo que assim estás porque há vida, ó vida, não te olvides.

Em minhas muitas camadas, por aí vai, estou poético, sou poético, tento não soar patético, sendo pórtico do que dou à vida. Recolho fragmentos do dia a dia, me policio, eu mesmo me flagro e me aprisiono, difícil é me flagrar não pensando em ti.

Se dizes que escrevo bem, meu amor, respondo que escrevo bem teu amor, que tenho em mim por já meu, afinal a finalidade não é a tal felicidade? Assim sendo, e assim o é, estamos a fim, a finis, afinidades que se afinam ao finar do dia.

Meu pensamento é em camadas, acamado que não estou, camas apenas suportes fáticos – fálicos? – para o hipertexto do meu sentir, na metanoia da vida, escamando os sentires que rodam ao meu redor, redondamente certo que sou de estar errado e, errante, errar o certo e acertar a vida, ávida.

Interrupções espocam ao meu redor, Direito, surpresas, animais, irritações, desarmonias, desencontros onde me reencontro e que me fazem me perder nas camadas que eu mesmo traço, mas me acalmo e a calma me leva a reencontrar camadas outras, que não veria se a paz em mim se fizesse ou se não fizesse.

A finesse da vida ávida se divide em links soltos que no conjunto estão presos entre si e aos outros, links de outros likes. Me vejo assim rodogirando em moinhos de vento que minhas ventas aventam do ventilar de ideias liquefatas pelas fadas loucas que me rodeiam inspirando a poesia que se expira espiralando sons.

Meu pensamento é em camadas, e ávido olvido a dor de ontem me concentrando no que faço já, de sempre feito, mas desfeito me desfaço em desfaçatez insensata sentida na escorregadia encosta que se escorre sob os pés pesados de vontade e sanha, se me assanhando pela senda da insensatez incenso a tez tua em meu tesar de texto, tessituras texturizadas.

Nas referências às metareferências referenciadas já com outras metas e métricas metrificadas, me meto a meter mais referências às camadas que em mim mesmo referencio, reverenciando o traço, ou traços, que traço e manjo quando almejo a meta sonhada e redividida, revivida e redivivida. Alijo alguns à liga dos não referidos por não se referenciarem em minhas reverências à revelia do que revejo.

Tento cantar em prosa, falho em conec-concatenar-me ao ritmo que se quebra em trêmulos espaçares pois a volta que volta na revolução revel de meu pensamento, retorna e torna a se entornar no entorno de meu sentar-me, assentado em sentidos na virada sem norte de meu falar.

Meu pensamento é em camadas, da capo.

Um pensamento sobre “Camadas

Polissemize